Falar do Pe. Mathon, sem falar de suas obras é o mesmo que não falar dele, pois o mesmo dedicou sua vida para que a palavra de Deus chegasse aos mais pobres e humildes. Sua dedicação era tanta, a qual ele celebrava a missa em outras capelas fora do território paroquial, onde o mesmo tinha ajudado a construir.
Sempre preocupado com o anúncio do evangelho, outra paixão e grande preocupação sua era a catequese. Quantas vezes o presenciamos literalmente correndo atrás das crianças e trazê-las de volta para a catequese. Era realmente incansável! Seu amor pela eucaristia era explicito, pois fazia questão de celebrar com as crianças, apesar das mesmas não entenderem muito bem o seu sotaque e o seu jeito de ser, às vezes rígido demais.
A juventude também tinha o seu lugar no coração do Pe. Mathon. O “Apóstolo” da juventude, como era carinhosamente chamado, fundou e acompanhou a Pastoral da Juventude e a Pastoral Universitária, tornando-se Assistente Eclesiástico Emérito ainda em vida quando sua saúde já não era mais a mesma.
Outro carisma do nosso Pároco Emérito era a motivação vocacional, por ele direta ou indiretamente, jovens foram tocados ao serviço à igreja. Como ninguém sabia cativar ao chamado e a vocação sacerdotal.
Talvez por isso, tenha sonhado construir essa capela, para que pudéssemos rezar pela vocação sacerdotal; alias fazendo um parêntese, em 1990 quando foi fundada nossa comunidade, as pessoas que começaram a frequentar nem conhecessem o nosso padroeiro, ou não entendessem a sua escolha, mas com o passar dos anos aprendemos a reconhecer as semelhanças daquele Pároco admirável com o Cura d’Ars. Tendo-o em nossos corações como o verdadeiro e atual “Vianney do Lobato”.
Em 2003, dentro do ano vocacional recebemos dois presentes, um foi enfim a construção desta capela. O outro foi a vinda do então Diácono e agora Padre Anastácio Gilberto, o qual por durante 5 anos o auxiliou aqui na paróquia e o acompanhou mesmo depois de sua saída até o último dia de sua vida.
A última vez que esteve conosco, foi em 2009, o então Pároco Padre Cícero Dione e o nosso então Cardeal Arcebispo agora Emérito Dom Geraldo Magella Agnello estavam presentes celebrando o encerramento da festa do nosso Padroeiro naquele ano. Lembramos que Padre Mathon naquela ocasião já estava bastante debilitado e chegou um pouco depois da celebração ter iniciado. Naquele momento o Cardeal, tomando a palavra, interrompeu por um instante a celebração para saudá-lo enquanto adentrava a nave da igreja, qual foi a comoção do povo que lotava a capela, naquele mesmo instante ficaram todos de pé e calorosamente saudavam com muitas palmas, demonstrando o nosso carinho e afeto por ele. É irmãos e irmãs, foi realmente emocionante aquele dia. Pois sabíamos que já se aproximava o dia em que o teríamos mais conosco.
A doença era irreversível e a cada dia progredia e espalhava pelo corpo. Ficou impossibilitado de andar, acamado, entretanto lúcido como sempre. Estava na casa do clero e era assistido pelas irmãs responsáveis pelo lugar. Seu amor pela Eucaristia era o mesmo e pedia para celebrar diariamente a santa missa, contemplando os passos de Jesus na última ceia, celebrava numa bandeja de dar alimento na cama, a qual foi tornada o “Altar da sua velhice”, como o mesmo assim a chamava.
A cada dia que íamos visitá-lo, saíamos de lá reconfortados, animados pelo seu testemunho de vida. Como São Paulo disse: “Combati o bom combate, completei a corrida e guardei a fé”. Assim também nos falava, sabendo que a exemplo de Cristo, sua via - dolorosa já se aproximava do seu ápice: O Calvário.
E por falar em calvário, não poderia ser diferente, numa sexta-feira (26/02/2010), dia dedicado a memória da paixão de Cristo, estávamos celebrando com o então Diácono e agora nosso atual Pároco Padre Ricardo Henrique a via-sacra, quando chegamos à igreja matriz recebemos a notícia que todos já esperavam, mas que ninguém queria receber. Ele retornou para casa do Pai! Estava como sempre, com o terço na mão, demonstrando seu amor a Maria sobre o título de Senhora das Dores e partiu contemplando o crucificado na parede do seu quarto.
Nós agora só temos que agradecer a Deus por ter nos presenteado e lembrar com saudades desse tempo, o qual passou entre nós. Pedimos a sua intercessão, pois o temos como verdadeiro Santo, Homem de Deus, Profeta das Vocações, Apóstolo da Juventude.
Padre Pierre Mathon – Rogai por nós!
Texto: Carlos Henrique Almeida - Capela São João Maria Vianney