segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Homenagem ao padre Pierre Mathon


No dia 26/02, irmãos e irmãs, é uma data que será sempre lembrada com muita saudade do nosso querido Pe. Mathon. Lembramos dos momentos em que esteve conosco, com seu jeito francês de ser. Queremos aqui recordar de alguns acontecimentos que deixaram marcas em nós da sua passagem em nosso meio. É, sabemos que ele veio da França e por mais de 30 anos esteve à frente da nossa paróquia, construiu várias capelas e inclusive esta, dedicada a São João Maria Vianney – Padroeiro dos Padres.
Falar do Pe. Mathon, sem falar de suas obras é o mesmo que não falar dele, pois o mesmo dedicou sua vida para que a palavra de Deus chegasse aos mais pobres e humildes. Sua dedicação era tanta, a qual ele celebrava a missa em outras capelas fora do território paroquial, onde o mesmo tinha ajudado a construir.
Sempre preocupado com o anúncio do evangelho, outra paixão e grande preocupação sua era a catequese. Quantas vezes o presenciamos literalmente correndo atrás das crianças e trazê-las de volta para a catequese. Era realmente incansável! Seu amor pela eucaristia era explicito, pois fazia questão de celebrar com as crianças, apesar das mesmas não entenderem muito bem o seu sotaque e o seu jeito de ser, às vezes rígido demais.
A juventude também tinha o seu lugar no coração do Pe. Mathon. O “Apóstolo” da juventude, como era carinhosamente chamado, fundou e acompanhou a Pastoral da Juventude e a Pastoral Universitária, tornando-se Assistente Eclesiástico Emérito ainda em vida quando sua saúde já não era mais a mesma.
Outro carisma do nosso Pároco Emérito era a motivação vocacional, por ele direta ou indiretamente, jovens foram tocados ao serviço à igreja. Como ninguém sabia cativar ao chamado e a vocação sacerdotal.
Talvez por isso, tenha sonhado construir essa capela, para que pudéssemos rezar pela vocação sacerdotal; alias fazendo um parêntese, em 1990 quando foi fundada nossa comunidade, as pessoas que começaram a frequentar nem conhecessem o nosso padroeiro, ou não entendessem a sua escolha, mas com o passar dos anos aprendemos a reconhecer as semelhanças daquele Pároco admirável com o Cura d’Ars. Tendo-o em nossos corações como o verdadeiro e atual “Vianney do Lobato”.
Em 2003, dentro do ano vocacional recebemos dois presentes, um foi enfim a construção desta capela. O outro foi a vinda do então Diácono e agora Padre Anastácio Gilberto, o qual por durante 5 anos o auxiliou aqui na paróquia e o acompanhou mesmo depois de sua saída até o último dia de sua vida.
A última vez que esteve conosco, foi em 2009, o então Pároco Padre Cícero Dione e o nosso então Cardeal Arcebispo agora Emérito Dom Geraldo Magella Agnello estavam presentes celebrando o encerramento da festa do nosso Padroeiro naquele ano. Lembramos que Padre Mathon naquela ocasião já estava bastante debilitado e chegou um pouco depois da celebração ter iniciado. Naquele momento o Cardeal, tomando a palavra, interrompeu por um instante a celebração para saudá-lo enquanto adentrava a nave da igreja, qual foi a comoção do povo que lotava a capela, naquele mesmo instante ficaram todos de pé e calorosamente saudavam com muitas palmas, demonstrando o nosso carinho e afeto por ele. É irmãos e irmãs, foi realmente emocionante aquele dia. Pois sabíamos que já se aproximava o dia em que o teríamos mais conosco.
A doença era irreversível e a cada dia progredia e espalhava pelo corpo. Ficou impossibilitado de andar, acamado, entretanto lúcido como sempre. Estava na casa do clero e era assistido pelas irmãs responsáveis pelo lugar. Seu amor pela Eucaristia era o mesmo e pedia para celebrar diariamente a santa missa, contemplando os passos de Jesus na última ceia, celebrava numa bandeja de dar alimento na cama, a qual foi tornada o “Altar da sua velhice”, como o mesmo assim a chamava.
A cada dia que íamos visitá-lo, saíamos de lá reconfortados, animados pelo seu testemunho de vida. Como São Paulo disse: “Combati o bom combate, completei a corrida e guardei a fé”. Assim também nos falava, sabendo que a exemplo de Cristo, sua via - dolorosa já se aproximava do seu ápice: O Calvário.
E por falar em calvário, não poderia ser diferente, numa sexta-feira (26/02/2010), dia dedicado a memória da paixão de Cristo, estávamos celebrando com o então Diácono e agora nosso atual Pároco Padre Ricardo Henrique a via-sacra, quando chegamos à igreja matriz recebemos a notícia que todos já esperavam, mas que ninguém queria receber. Ele retornou para casa do Pai! Estava como sempre, com o terço na mão, demonstrando seu amor a Maria sobre o título de Senhora das Dores e partiu contemplando o crucificado na parede do seu quarto.
Nós agora só temos que agradecer a Deus por ter nos presenteado e lembrar com saudades desse tempo, o qual passou entre nós. Pedimos a sua intercessão, pois o temos como verdadeiro Santo, Homem de Deus, Profeta das Vocações, Apóstolo da Juventude.

Padre Pierre Mathon – Rogai por nós!

Texto: Carlos Henrique Almeida - Capela São João Maria Vianney